terça-feira, 18 de agosto de 2009

A Bola


É engraçado ver o sol se pondo, se opondo, descendo e foi! E a bola parou sobre a água ondulante que ondulava... E foi... Assim são as pessoas: elas simplesmente se vão, e foram. Por isso, queria ser pássaro para poder voar em bando sempre. Sobretudo alçar vôos sem fim, ser constantemente um nefelibata, em sua forma mais literal, só para não estar só.
O ar puro penetrante limpou o sorriso, quebrou os ponteiros da vida por alguns instantes. E a bola rolava, girava, pairava no ar como um planador. Até que, então, caiu na água e boiava tanto quanto as pessoas que não voltaram... Saudosismo.
Ali estava a essência da vida, que foi, em outras palavras, o lançar de uma pedra no lago quando as ondas mais ondulantes tocaram a existência da bola e tentaram traze-la à margem. No entanto, como as pessoas o fazem, a esfera ia...
Faz-se referência ao amor em sua transparente singeleza:
- Amigo, certamente, seremos eternos.
E de fato serão, pois há entre esses dois corações um único bater, um querer bem.
Porém, a bola um dia, de tanto picar, rola e vai. Portanto, cabe somente aos sinceros e verídicos desejos pelo eterno, buscarem o mesmo, o infinito! Por que, indubitavelmente, estes corações sentirão falta do calor que, próximos, geravam.
É inexplicável, entretanto, a mesma bola que vai, há de voltar, assim como o sol que se pôs e opôs renasce todos os dias iluminando a eternidade daqueles companheiros. Vão seguindo a estrada, pegam desvios, mas, sempre voltam à principal.
De súbito, surgiu das montanhas, um barco. A princípio, apenas navegantes. Depois, nos trouxeram a bola de volta e voltamos à medida que ouvíamos novamente as badaladas do cronômetro (o viver).

Júlia de Mello.

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