quinta-feira, 4 de março de 2010

Ágrafo

                             O mar encontrou-se no céu... ondas de nuvens: o sólido tornou-se eterno. Pois que bastam segundos de um momento e tornam-se. Então, saudade... Vontade, desejo que se liquefaz.
                        Eis que os olhos focaram-se: Espelho de amantes, Intenção. Opção, portanto, de deixar só o que foi só para não ser mais metade. E o sentido mudou quando os olhos no firmamento viram o mesmo nos olhos de alguém. Janela (in)discreta.
                        O vermelho, nas flores do jardim que brincava, encontrou-se, de repente, no batom da mulher. Transformação transfigurada pela poesia do caminho: andar ladrilho por ladrilho, na rua nua.
                        Aí, invade a antecipação da possibilidade de morte... Pela falta. Por que dormindo, não sentia falta. Ela corroía a intensidade da vista - Opnião.
                        Ao sorrir, enfim, a alma, ora contava, ora desmentia... Arcada dentária apenas, mais lágrimas. Máscara eficaz aos pequenos, todavia, ninguém engana um poeta.
                        Silêncio. Palavras sem palavras. Crônicas crônicas sem texto. O mistério, o fim e um olhar... 

Júlia de Mello.

Um comentário:

Carlos La Terza disse...

" Todavia, ninguém engana um poeta"