sábado, 27 de fevereiro de 2010

Cavalete

                
               Da lata saía a mistura do devaneio com o sólido de viver. E o pôr-do-sol nascia em meio à chuva que, portanto, resultava num arco-íris, onde os olhos descansavam.
                Na mente, do mesmo modo, misturavam-se os cubos de vida no refresco da alma - Idealizar... e a esperança nascia em meio ao sonho... Um objetivo, então. Aí:
                "O menino e a menina se encontraram no jardim do parque. No riso dele, a princípio, o esperar, enquanto, contida nos olhos dela, a resposta. Eis, no sorriso dele, assim, a certeza de que o relógio estava parando. E o tempo passou... O homem olhava, esperançoso, a mulher e ela sorriu respondendo pela eternidade..."
                 De súbito, voltara ao ateliê e voou rumo ao que alí havia imaginado. Voltara, dessa forma, seu olhar de sua tempestade para o quadro: Relâmpagos do que tinha sido, raios do que era e gotas do que esperava ser. Estar ali, anda que desacompanhado, já era uma das (tantas) realizações. É que esperava...
                 Pintou, então, a menina sentada no banco e só. Até que o vento bateu e secou a tela. E o óleo e a tinta que a esperança eram...




Júlia de Mello

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